Marianna Helloiza 1º Ano do Ensino Médio |
O
filme “Ensaio sobre a Cegueira” dirigido por Fernando Meirelles, baseado no
livro de José Saramago conta a história de uma epidemia chamada “cegueira
branca”. Impossível de ser diagnosticada como um dos tipos já conhecidos, essa
doença foi uma forma de criticar a sociedade contemporânea. Usando-a como
metáfora para mostrar a real condição do mundo de hoje.
Ao
longo de todo o romance, a narrativa se propõe a explicar qual é o motivo da
epidemia. Causada pela insensibilidade, indiferença, orgulho e outros “males da
alma” que tornam o ser humano cego em relação ao mundo alheio. Mostrando a
maldade presente em cada um e como conseguem ser tão cruéis diante deste
acontecimento deplorável.
Logo
no início, o primeiro personagem apresentado na abordagem do filme, fica cego
de repente, tornando a realidade indiferente a ele, como acontece no dia-a-dia.
Pessoas não se comovem, nem se importam com a vida do próximo, são frias e
insensíveis. Como é o caso dos pacientes que reclamaram quando o cego foi
consultado antes deles, devido à urgência dada a seu problema.
Em decorrência de mais
pessoas atingidas pelo mal da cegueira branca, o governo decide isolar os
portadores de algo que parecia ameaçar a vida de todos. Porém, os maiores
problemas foram as circunstâncias e o modo como eles eram tratados, muitas
vezes inumanas. Tendo que viverem em função de seus instintos mais
primitivos, provocando a deixa de qualquer principio ético, moral e afetivo que
possuíam.
Dentro do hospital, lugar
onde ficaram os primeiros cegos, pode-se perceber a relação de hierarquia na
qual o mais forte explorava o mais fraco. O mesmo acontece na vida em
sociedade, o mais rico, de maior soberania se aproveita daqueles desprovidos de
influência. Causando uma enorme opressão, fazendo os indivíduos se tornarem
cegos diante daqueles considerados menores.
Por outro lado, em meio a
toda confusão, se encontrava a protagonista, a única personagem que ficou imune
à cegueira. Ao observá-la criticamente, percebe-se uma desigualdade entre o seu
comportamento em relação aos outros personagens, sobretudo em sua benevolência.
Mostrando o desconforto de continuar a ver e testemunhar a degradação humana,
essa personagem não se sente melhor que ninguém, sempre lutando em benefício da
maioria.
Levando em consideração a
frase de Saramago: “Se podes olhar, vê. Se podes ver, repara”. Entende-se que o
maior erro talvez comece com os olhos, pois é com ele que se vê todo o exterior
de um ser. Porém, é com o mesmo que muitas vezes ignora-se aqueles que necessitam de ajuda e
compaixão.
Esses cegos chegaram ao fim
do poço de onde puderam sentir na pele suas fraquezas e monstruosidades. Mas
com o tempo, o sofrimento os ensinou a serem melhores, respeitando uns aos
outros de forma mais humanitária. Dessa
forma, é possível perceber o tom otimista que Saramago encaminha o final de sua
narrativa. Ao construir personagens que vão se modificando de forma positiva em
relação a seus comportamentos,o sofrimento anterior transforma-os em pessoas
capazes de entender o verdadeiro conceito de uma vida em sociedade, na qual é
preciso união, solidariedade e amor.
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