SOCIEDADE CEGA

Natália Karolina Farias
1º Ano do Ensino Médio

        “Se podes olhar, vê, se podes ver, repara”. É assim que José Saramago procura chamar a atenção da sociedade, com o verbo “reparar” não só no propósito de olhar mais atentamente, mas de consertar o que está a sua volta. Apesar de ser necessária a compreensão metafórica, a cegueira da humanidade ofusca a visão, maneira pela qual é entendida como se todas as luzes estivessem acesas, entretanto impossíveis de serem percebidas.
       Vivemos hoje preocupados em nos tornarmos melhores que os outros, com interesses acima de qualquer coisa, em um panorama induzido pela concorrência de um mundo cada vez mais competitivo. O tempo se torna escasso para destinar aos prazeres da vida. Mais preocupações e cobranças, o que nos transforma cegos em relação ao próximo, cegos da razão, cegos da sensibilidade.
        Percebemos um  mundo pautado em valores materiais, tendo como base um universo em que a tecnologia está em constante progresso. Mergulhado  em uma alienação, o homem desencadeia características negativas como a mesquinhez e o egoísmo que impede de enxergar ou ter consciência da necessidade de busca da realidade social
    Consequentemente os fatores expostos leva o ser humano a sua natureza íntima, estreitando-o ao seu instinto, levando-o a agir como um ser irracional, que busca incessantemente a sua sobrevivência. Sem refletir sobre o moral, os costumes, a ética, pensando apenas nos seus próprios conceitos e se tornando egocêntricos, enxergando com preconceitos e de maneira superficial a realidade.
     Percebe-se então, que ignorar os problemas alheios quando eles são perceptíveis, é certificar a cegueira da realidade. Em diversas ocasiões deixa-se de dar atenção para o chamado do próximo e tranca-se dentro de seus comodismos. Embora estejamos vivendo numa sociedade que a principio não possui valores, Ensaio sobre a cegueira, incita um discurso otimista, mostrando que é possível concretizar o amor verdadeiro, que não valorize apenas a beleza física e bens materiais, mas aquele amor que preza a  ternura que as situações subscrevem, passando assim a ver e reparar.

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